26 de janeiro de 2012

Os Polvos


(via Orion)
Pode ler aqui um fascinante artigo publicado na Orion acerca de alguns aspectos da biologia dos polvos.


Sobre a inteligência destes animais, é interesse referir que os polvos da espécie Enteroctopus dofleini têm cérebros aproximadamente do tamanho dos de um papagaio cinzento africano (Psittacus erithacus), uma das espécies de psitacídeos cuja inteligência é habitualmente louvada por criadores e etologistas.


Em termos de número de neurónios, outro dos critérios utilizados para medir o potencial de um cérebro, os polvos apresentam uns meros 130 milhões, contrastando com os 100 mil milhões de um humano. Todavia, e aqui é que as coisas se tornam estranhas, uma parte substancial dos neurónios de um polvo situam-se nos seus braços ou tentáculos, que, desse modo, se podem considerar quase como tendo uma mente própria.

De facto, como o artigo na Orion refere, se um tentáculo cortado, por qualquer motivo, entrar em contacto com comida, vai tentar direccionar o alimento para o lugar onde, caso ainda integrasse o corpo do polvo, estaria a boca.

Também é sabido que os polvos mudam de cor. Para tanto, utilizam três camadas de tipos diferentes de células junto à superfície da pele. Já muito se compreende dos processos bioquímicos que permitem a mudança de cor, mas o que ninguém ainda conseguiu perceber foi a forma como os polvos, cuja visão, muito provavelmente, é incapaz de distinguir cores, conseguem mimetizar objectos, animados e inanimados, exteriores a si próprios.

(Sepia officinalis, via marlin.ac.uk)
Pois bem, recentemente, investigadores do Woods Hole MarineBiological Laboratory e a Universidade de Washington descobriram que a pele dos Sepia officinalis, primos dos polvos, contém sequências de genes que habitualmente só se encontram na retina dos olhos. O que esta descoberta permite supor é que os cefalópodes, por mais espantosa que tal noção nos possa parecer, podem eventualmente conseguir ver com a sua pele.

O artigo citado refere igualmente que já foram registadas diversas observações que nos permitem concluir com um grau de certeza razoável que os polvos, como os denominados animais superiores (onde, para além de nós, se incluem os chimpanzés, os cães e os corvos), têm um bem desenvolvido instinto de brincadeira. Também esta característica aponta para um nível de inteligência que os diferencia da maioria dos outros animais.

Finalmente, não pode deixar de fascinar, considerando as diferenças estruturais e morfológicas entre humanos e polvos, a proximidade existente entre a concepção e arquitectura dos nossos olhos. 
(via Alaska in Pictures)


Tal como no nosso caso, os olhos dos polvos têm córneas transparentes, regulam a entrada de luz através de um diafragma na íris e controlam a focagem com um anel muscular. 
Os cientistas debatem se a evolução do olho humano e do olho do polvo partiu de um ponto comum ou se foi simplesmente, pelos sempre deslumbrantes caminhos evolutivos, convergente.


Seja qual for a resposta correcta, o resultado não deixa de fascinar...

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