31 de janeiro de 2012

A atracção pelo suor humano


A transpiração humana, por si só, não tem qualquer odor detectável pelo nosso nariz. 

Na realidade, são as colónias de bactérias existentes na nossa pele que produzem o singular cheiro que normalmente associado ao suor.

Pois bem, cada indivíduo possui as suas especificidades próprias em termos de colónias de microorganismos. 

É isso, segundo investigadores da Universidade de Wageningen citados no Science Daily, que explica o facto de alguns de nós serem mais atractivos para os mosquitos e de, em consequência, serem mais suceptíveis de sofrer com as picadas destes insectos.

(via Wikipedia)
As implicações desta descoberta na profilaxia da malária, uma doença cujo vector de transmissão aos humanos são justamente algumas espécies de mosquitos (nomeadamente o Anopheles albimanus), é, por isso, evidente.

É também interessante verificar que, segundo um estudo conduzido por investigadores suecos do Instituto Karolinska, citado no jornal Folhade São Paulo, o suor humano não atrai apenas mosquitos.

Assim, segundo este trabalho, o cheiro do suor masculino tem o potencial de atrair mulheres e outros homens homossexuais.


Os investigadores de Estocolmo apuraram, recorrendo a tomografia por emissão de positrões (ou pósitrons, na terminologia empregue no português brasileiro) que o suor masculino excitava os cérebros das mulheres e dos homens homossexuais testados, deixando indiferente os homens heterosexuais. 

O estudo envolveu 36 participantes e abre caminho à ideia controversa de que também os humanos conseguem produzir e detectar feromônios

Tensão social faz mal à saúde


(via IMDb)
Como se reporta na Science News, o stress social causado, por exemplo, pela preparação para um exame ou pelo esforço de competir pelas atenções de alguém especial, parece aumentar o risco de inflamações.

Assim, parece ter ficado demonstrado que o aumento da presença no organismo de duas proteínas normalmente associadas às inflamações parece resultar directamente de episódios de fricção social.

Investigadores externos à pesquisa sugerem uma explicação evolucionária para este mecanismo fisiológico.

Para os nossos antepassados, as situações de stress social estavam muitas vezes associadas à possibilidade de confrontação física e consequente risco de padecer ferimentos.

Sabendo-se que a inflamação pode ter efeitos benéficos de curto-prazo relativamente à nossa capacidade de repelir corpos patogénicos, é possível que a produção das proteínas em questão como reacção a situações de stress, num momento anterior da nossa evolução, fosse benéfica.

Nos nossos dias, em sociedades relativamente pacificadas como as ocidentais, o nexo causal entre a fricção social e a ocorrência ferimentos físicos é reduzido, pelo que a razão de ser do mecanismo encontrado pelos investigadores da Escola de Medicina da UCLA se terá, em grande medida, dissipado.

Seja como for, é fácil perceber como inúmeras situações sociais causadoras de tensão e ansiedade pode reflectir-se negativamente na saúde dos indivíduos.

Nessa medida, o papel da dinamização da paz social por parte dos responsáveis comunitários (e.g. dirigentes políticos e económicos) e o esforço individual de cada um de nós no sentido de nos enquadrarmos socialmente de forma harmónica podem ter um reflexo palpável no nosso bem-estar físico.

29 de janeiro de 2012

Ecolocalização humana: conheça Daniel Kish


Conheça aqui, através da Men's Journal, a história fascinante de Daniel Kish, um homem cego desde o primeiro ano de vida, que desenvolveu verdadeiramente surpreendentes capacidades de ecolocalização.

Utilizando estalidos da língua que depois são devolvidos pelos objectos físicos em seu redor, Kisch consegue desenhar uma espantosamente precisa imagem mental do seu ambiente.

(via Men's Journal)

Utilizando a ecolocalização, de uma forma semelhante à que permite aos morcegos deslocarem-se na escuridão absoluta de uma qualquer caverna, Kisch consegue praticar ciclismo nas ruas de Los Angeles ou nos trilhos de montanha da Califórnia e localizar objectos a dezenas de metros.

Não sendo o primeiro cego a desenvolver capacidades de ecolocalização humana, Kisch elevou os processos a um nível até aqui nunca imaginado e desenvolveu uma fundação, a World Access for the Blind, vocacionada para ensinar a outros cegos a utilizarem a ecolocalização como forma de conquistarem uma autonomia que a cegueira, de outra forma, lhes negaria.





Duas filhas: a melhor combinação?


(Mother and two daughters, Molly Wright, via Fine Art America)
Um estudo recente citado pelo Telegraph veio sustentar que a combinação familiar mais propensa à harmonia e felicidade passa por ter duas filhas, seguida de perto por uma prole composta por um menino e uma menina.

Esta última combinação apenas perde pontos para a primeira pela falta de interesses comuns que, a partir de uma idade muito tenra, acaba inevitavelmente por afectar a relação fraterna.

No extremo oposto, a pior combinação possível, num aparente paradoxo, é a que inclui quatro meninas.

De facto, se é verdade que duas meninas formam um conjunto harmonioso, as entrevistas às 2116 famílias incluídas na investigação vieram demonstrar que a partir do momento em que um terceiro e um quarto elemento feminino surge na estrutura familiar, a tendência para discussões e a capacidade das raparigas se conseguirem manipular umas às outras, muitas vezes estabelecendo alianças momentâneas, encerra o potencial para o desastre.

Como é óbvio, o estudo em questão não estabelece regras assentes num qualquer critério científico. Não terá sequer, julgamos nós, a pretensão de fazê-lo. Ainda assim, não deixa de lançar pistas interessantes para análise das relações familiares.

Aqui fica, então, num critério descendente, as melhores combinações de filhos segundo o estudo publicado pelo site de aconselhamento parental britânico Bounty:

1. Duas raparigas

2. Um rapaz e uma rapariga

3. Dois rapazes

4. Três raparigas

5. Três rapazes

6. Quatro rapazes

7. Duas raparigas e um rapaz

8. Dois rapazes e uma rapariga

9. Três rapazes e uma rapariga

10. Três raparigas e um rapaz

11. Dois rapazes e duas raparigas

12. Quatro raparigas

26 de janeiro de 2012

Os Polvos


(via Orion)
Pode ler aqui um fascinante artigo publicado na Orion acerca de alguns aspectos da biologia dos polvos.


Sobre a inteligência destes animais, é interesse referir que os polvos da espécie Enteroctopus dofleini têm cérebros aproximadamente do tamanho dos de um papagaio cinzento africano (Psittacus erithacus), uma das espécies de psitacídeos cuja inteligência é habitualmente louvada por criadores e etologistas.


Em termos de número de neurónios, outro dos critérios utilizados para medir o potencial de um cérebro, os polvos apresentam uns meros 130 milhões, contrastando com os 100 mil milhões de um humano. Todavia, e aqui é que as coisas se tornam estranhas, uma parte substancial dos neurónios de um polvo situam-se nos seus braços ou tentáculos, que, desse modo, se podem considerar quase como tendo uma mente própria.

De facto, como o artigo na Orion refere, se um tentáculo cortado, por qualquer motivo, entrar em contacto com comida, vai tentar direccionar o alimento para o lugar onde, caso ainda integrasse o corpo do polvo, estaria a boca.

Também é sabido que os polvos mudam de cor. Para tanto, utilizam três camadas de tipos diferentes de células junto à superfície da pele. Já muito se compreende dos processos bioquímicos que permitem a mudança de cor, mas o que ninguém ainda conseguiu perceber foi a forma como os polvos, cuja visão, muito provavelmente, é incapaz de distinguir cores, conseguem mimetizar objectos, animados e inanimados, exteriores a si próprios.

(Sepia officinalis, via marlin.ac.uk)
Pois bem, recentemente, investigadores do Woods Hole MarineBiological Laboratory e a Universidade de Washington descobriram que a pele dos Sepia officinalis, primos dos polvos, contém sequências de genes que habitualmente só se encontram na retina dos olhos. O que esta descoberta permite supor é que os cefalópodes, por mais espantosa que tal noção nos possa parecer, podem eventualmente conseguir ver com a sua pele.

O artigo citado refere igualmente que já foram registadas diversas observações que nos permitem concluir com um grau de certeza razoável que os polvos, como os denominados animais superiores (onde, para além de nós, se incluem os chimpanzés, os cães e os corvos), têm um bem desenvolvido instinto de brincadeira. Também esta característica aponta para um nível de inteligência que os diferencia da maioria dos outros animais.

Finalmente, não pode deixar de fascinar, considerando as diferenças estruturais e morfológicas entre humanos e polvos, a proximidade existente entre a concepção e arquitectura dos nossos olhos. 
(via Alaska in Pictures)


Tal como no nosso caso, os olhos dos polvos têm córneas transparentes, regulam a entrada de luz através de um diafragma na íris e controlam a focagem com um anel muscular. 
Os cientistas debatem se a evolução do olho humano e do olho do polvo partiu de um ponto comum ou se foi simplesmente, pelos sempre deslumbrantes caminhos evolutivos, convergente.


Seja qual for a resposta correcta, o resultado não deixa de fascinar...