8 de fevereiro de 2012

Racismo e preconceito: sugestão de explicação


O racismo e o preconceito xenófobo têm desde há muito sido associados a baixos níveis em testes de QI.


Todavia, como noticia o The Huffington Post, novos estudos apontam para uma explicação genética para o pensamento xenófobo e a intolerância.

De facto, começa a ser sugerido que o preconceito está programado nos nossos genes, sendo um resquício do nosso processo evolutivo desde tempos imemoriais, quando os para humanos, vivendo agrupados em tribos, fazia sentido ver os estranhos com hostilidade.

O autor de um destes estudos, o Dr. Mark van Vugt referiu ao The Telegraph que a sua pesquisa sugere que a mente humana esteja moldada para perpetuar o conflito com estranhos.

O The Huffington Post cita ainda o biólogo da Michigan State University, Dr. Carlos Navarrete, que essa predisposição ajuda a explicar as rivalidades e a hostilidade que tem por base a nacionalidade, etnicidade, escolas, tribos, gangues, partidos e facções políticas e todas as demais instituições que agrupam os humanos socialmente.

A investigação parece apontar para uma explicação genética para todo o género de rivalidades, de que as desportivas são um bom exemplo, que de outro modo dificilmente podem ser explicadas. Na verdade, é difícil justificar o ódio que um adepto do Flamengo pode sentir por um clube rival que nunca viu e não conhece ou a hostilidade de um Benfiquista para com um desconhecido que envergue um cachecol do Sporting.


E o preconceito é apenas uma “programação” masculina?

Os autores do estudo não tiram conclusões definitivas, mas sustentam que as dinâmicas entre gupos podem ter tido um impacto diferente no desenvolvimento psicológico dos homens e das mulheres.

Navarrete também refere que a aparência física do "outro" também influi na lógica do preconceito.

Alguns estudos feitos com mulheres brancas verificaram que estas avaliavam homens negros de uma forma diferente consoante o momento do seu ciclo menstrual em que se encontravam. Assim, os homens eram vistos como mais “assustadores” ou “pouco atractivos” nos dias em que era mais provável que concebessem caso mantivessem relações sexuais.

Outros estudos confirmaram que independentemente da raça, as mulheres, nessas alturas, demonstravam reacções mais negativas para com homens que tivessem um aspecto fisicamente possante, por oposição àqueles com físicos mais frágeis.

(via prisonphotography.wordpress.com)
Genericamente, estes estudos tendem a reforçar a ideia de que as mulheres tendem a reagir negativamente perante a diferença, mas apenas em contextos que imaginem como potencialmente perigosos. Assim, eliminada a sensação de perigo ou de existir potencial para a coação física, as reacções tendem a normalizar.

Os dados aqui expostos, paradoxalmente, permitem algum optimismo no desenvolvimento de sociedades futuras menos atreitas a comportamentos racistas ou xenófobos, porquanto tornam evidente que é sobretudo a sensação de perigo que a diferença suscita que acaba por gerar sentimentos negativos em relação aos outros.

Assim, esforços feitos no sentido de nos familiarizarmos com as evidentes e incontestáveis diferenças físicas e culturais entre os humanos, de forma a normalizar a nossa reacção às mesmas e assim esbater a sensação de perigo que parece influir tão negativamente no nosso comportamento. No fundo, o esforço deve ir no sentido de impedir que a diferença seja causa de medo.



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